O Papa Francisco dedicou a catequese da última Audiência Geral de 2021, nesta quarta-feira (29), ao tema da coragem de São José diante das perseguições e dificuldades que teve que enfrentar para cuidar da Virgem Maria e do Menino Jesus. O Santo Padre também fez um alerta sobre as pessoas que são perseguidas no mundo atual – especialmente os migrantes e os abandonados.
Logo no início das suas palavras, o Pontífice lembrou que a família de Nazaré teve que fugir para o Egito, experimentando a precariedade, o medo e a dor de ter que deixar a sua terra. “Ainda hoje muitos dos nossos irmãos e irmãs são obrigados a viver a mesma injustiça e sofrimento. A causa é quase sempre a prepotência e a violência dos poderosos. Isto aconteceu também com Jesus”, destacou Francisco.
“A fuga da Sagrada Família para o Egito salva Jesus, mas infelizmente não impede que Herodes leve a cabo o seu massacre. Assim, encontramo-nos diante de duas personalidades opostas: por um lado, Herodes com a sua ferocidade e, por outro, José com o seu esmero e a sua coragem. Herodes quer defender o seu poder, a própria pele, com crueldade impiedosa, como atestam também as execuções de uma das suas esposas, alguns dos seus filhos e centenas de adversários. Era um homem cruel. Para resolver os problemas tinha apenas uma receita, matar”, analisou o Papa.
Herodes e José
Diante disso, o Santo Padre apontou que Herodes é o símbolo de muitos tiranos de ontem e de hoje. “Se eles precisam de espaço de poder, matam as pessoas. Isso acontece hoje. Não precisamos recorrer à história antiga. Isso acontece hoje. É o homem que se torna “lobo” para os outros homens”, alertou. “Na realidade, é uma atitude em que todos podemos cair, sempre que procuramos afugentar os nossos medos com a prepotência, ainda que seja apenas verbal ou feita de pequenos abusos cometidos para mortificar quem está ao nosso lado. Também nós temos dentro do coração a possibilidade de sermos pequenos Herodes”, completou Francisco.
Do outro lado está José, um homem justo que demonstra coragem na execução da ordem do Anjo. “Podemos imaginar as peripécias que teve de enfrentar durante a longa e perigosa viagem, e as dificuldades exigidas para a permanência num país estrangeiro. A sua coragem sobressai também na hora do regresso quando, tranquilizado pelo Anjo, supera os seus compreensíveis receios, estabelecendo-se com Maria e Jesus em Nazaré”, ressaltou o Pontífice.
“É um lugar-comum errado considerar a coragem como virtude exclusiva do herói. Na realidade, a vida quotidiana de cada pessoa requer coragem. Não é possível viver sem coragem para enfrentar as dificuldades de cada dia. Em todos os tempos e culturas encontramos homens e mulheres corajosos que, para ser coerentes com a sua crença, superaram toda a espécie de dificuldades, suportando injustiças, condenações e até a morte. Coragem é sinônimo de fortaleza que, com a justiça, a prudência e a temperança, faz parte do grupo de virtudes humanas chamadas “cardeais”, explicou o Papa Francisco.
Aprendizado
“A lição que José nos deixa hoje é a seguinte: a vida nos apresenta sempre adversidades, diante das quais podemos sentir-nos também ameaçados, amedrontados, mas não é mostrando o pior de nós, como faz Herodes, que podemos superar certos momentos, mas agindo como José, que reage ao medo com a coragem da confiança na Providência de Deus”, disse ainda o Papa.
Oração
Ao fim da Audiência Geral, o Papa Francisco convidou os fiéis a rezar por todos os migrantes, perseguidos e aqueles que são vítimas de circunstâncias adversas, sejam circunstâncias políticas, históricas ou pessoais. “A migração de hoje é uma realidade diante da qual não podemos fechar os olhos. É um escândalo social da humanidade”, disse.
São José,
vós que experimentastes o sofrimento de quem deve fugir
vós que fostes obrigado a fugir
para salvar a vida dos entes mais queridos,
amparai todos aqueles que fogem por causa da guerra,
do ódio e da fome.
Ajudai-os nas suas dificuldades,
fortalecei-os na esperança e fazei com que encontrem acolhimento e solidariedade.
Guiai os seus passos e abri o coração de quantos os podem ajudar. Amém!