Em entrevista, o gestor de Relações Institucionais da Pastoral da Criança (PR) e integrante do Conselho Nacional de Saúde, Clóvis Boufler, trata da Semana Nacional da Vida. Como representante da Igreja Católica, e dos cristãos de modo geral, Clóvis afirma que os Conselhos de Saúde possuem uma base de trabalho que tem por alicerce: o valor da vida, a defesa dos mais pobres, e a atuação por princípios éticos.
“O esforço feito no ambiente dos Conselhos de Saúde, é para garantir que o foco das ações seja realmente a vida”, afirmou o gestor. Clóvis lembra que durante a última Conferência Nacional de Saúde, foi reafirmado o valor da vida, e, na ocasião, os conselheiros criaram uma proposta em defesa da vida:
“A vida é sagrada e deve ser protegida desde o seu início, na concepção. A vida do outro é o limite de nossa liberdade. Se a mulher tem direitos e deveres, eles não podem interferir ou impedir o direito à vida de outro ser humano. Somos a favor da vida em abundância.”, descreve um trecho do documento.
Clóvis esclarece que o acesso à educação e informação de qualidade, pode ser decisivo na qualidade da saúde de um indivíduo, logo, na qualidade de vida. “São necessárias medidas educativas e preventivas, pois não adianta ficarmos apenas na discussão teórica”, enfatiza.
Para exemplificar, o gestor afirma que os 1000 dias – que incluiu a gestação e os dois primeiros anos de vida da criança – podem influenciar no estado de saúde da pessoa, na vida adulta. “Hoje está provado que pressão alta, diabetes, osteoporose, e doenças cardíacas, são doenças que podem ter relação com o período de gestação. Cuidar da vida é também ter uma gestação com uma alimentação, nutritiva, com acompanhamento de pré-natal”, elucida. “Cuidar da vida é cuidar do desenvolvimento da criança, no ventre da mãe, e depois quando nasce, principalmente, da amamentação”, completa.
A moção feita durante a 14ª Conferência Nacional de Saúde, descreve que Diabetes, hipertensão arterial e problemas cardíacos, – doenças crônicas com significativa prevalência na população adulta em todo o mundo – podem ser prevenidas. De acordo com recentes estudos científicos, nos primeiros mil dias – 280 dias na fase da gestação mais 720 dias dos dois primeiros anos de vida da criança. Avanços importantes como esses na área da prevenção são, no entanto, recebidos com impressionante lentidão pelos serviços de saúde.
“Na Semana Nacional da Vida é preciso cuidar do desenvolvimento do ser humano, além de defender os princípios que previnem a morte precoce”, disse Clóvis. A prática de abortos, como cita a moção, como solução para a gravidez indesejada, é um retrocesso da saúde pública, pois ao invés de investir na qualidade de vida da população, reproduz uma cultura de incentivo à morte, à violência. Admitir esta prática é uma derrota do poder público em relação ao que é realmente importante: a oferta educação de qualidade, nas famílias, nas escolas, na sociedade.